Potencial da Grafita no Brasil: Conheça mais sobre.
Se você quer saber mais e conhecer sobre o potencial da grafita no Brasil, leia este conteúdo até o final. Ele foi feito com base no projeto de avaliação do potencial da grafita no Brasil, elaborado pela CPRM no ano de 2020.
Esse projeto integra as ações da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM), sendo executado pelas divisões de Geologia Econômica (DIGECO) e de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos (DIPEME), com apoio da Gerência de Geologia e Recursos Minerais de São Paulo e sob a coordenação do Departamento de Recursos Minerais (DEREM).
Histórico da Grafita no Brasil
A grafita é um mineral industrial essencial para diversas indústrias, sendo as principais a dos refratários, para fabricar lápis, na manufatura de baterias, e na obtenção de grafeno. Como existe uma tendência da utilização de veículos elétricos, estima-se que esse minério seja mais procurado ao longo do tempo.
A prospecção mineral por grafita no país começou na segunda Guerra Mundial, em que foram descobertos os primeiros depósitos, sendo eles encontrados nas províncias Mantiqueira e Borborema.
Depósitos de grafita no Brasil
O Brasil contém depósitos do tipo de grafita de classe mundial, sendo o terceiro maior produtor desse minério e detentor da quarta reserva global de grafita do tipo flake.
Os principais depósitos são encontrados no Rio De Janeiro, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Além disso, existe um grande potencial para esse minério no Cráton Amazônico, nas áreas de Carajás, no Bloco Amapá e na Província Sunsás.
Características geológicas em que a grafita é encontrada
A grafita no Brasil geralmente ocorre em terrenos de médio a alto grau metamórfico, sendo produto final do processo de grafitização, mas podem ocorrer também na fácies xisto-verde inferior até a fácies anfibolito superior.
Independente da gênese da grafita, seja por metamorfismo termal ou regional, o processo para formar este minério requer esforço cisalhante e energia deformacional. Combinando a pressão e o cisalhamento a grafita se forma. Afloramento de xisto com a grafita concentrada nas faixas máficas intercalado a paragnaisse à sul da Cidade de Canindé/CE. Foto: SGB-CPRM
Classificações industriais da grafita
Confira abaixo as 3 classificações industriais da grafita e suas diferenciações:
Grafita Tipo Veio
A grafita epigenética tipo veio ocorre como produto da precipitação de carbono a partir de fluidos saturados em C-O-H. Segundo Luque et al, 2014, esse tipo de depósito pode ser encontrado em terrenos de alto grau metamórfico e/ou em ambientes ígneos e as hospedeiras podem ser gnaisses, pegmatitos, rochas vulcânicas e outras, não havendo nenhum litotipo preferencial.
Esse tipo de depósito corresponde a jazimentos pequenos e relativamente incomuns. Os veios variam entre 0,05 e 3,0 metros de espessura e centenas de metros de extensão. Os teores costumam ser entre 60-90% Cg.
Historicamente eles são encontrados em áreas próximas ao contato com granitos ou dioritos e em terrenos metamórficos do tipo greenstone belts. Essa tipologia em tempos modernos ocorre em terrenos de alto grau metamórfico e/ou zonas com concentração de rochas magmáticas onde a litosfera é afinada (BEYSSAC;RUMBLE, 2014; CRESPO et al., 2005; KEHELPANNALA; FRANCIS, 2001; LUQUE et al., 2004).
Grafitas Venulares no Brasil
As grafitas venulares no Brasil foram encontradas segundo Fragomeni e Pereira (2013) no distrito grafítico de Araçoiaba – Baturité, no Ceará. Nesse exemplo a grafita se hospeda em paragnaisses paleoproterozóicos do Grupo Ceará.
Grafita do Tipo Flake
As grafitas do tipo flake ou cristalino constituem os depósitos de grafita singenética stratabound, disseminada, tabular ou lenticular com camadas espessas e milhares de metros de comprimento.
O controle estrutural desse tipo de depósito corresponde as áreas irregulares ao longo das charneiras de dobras. Ela ocorre como produto de metamorfismo regional em fácies anfibolito a granulito em faixas móveis e/ou crátons em rochas arqueanas e principalmente paleoproterozóicas.
Essa tipologia é mais frequente e ocorre na forma de depósitos de grande volume, geralmente esse tipo de mineralização é o modelo geológico mais demandado na mineração mundial de grafita. O teor de minério varia de 5 a 30% Cg.
Grafita tipo Amorfa
A grafita do tipo amorfa ou microcristalina corresponde a partículas finas de grafita ( <4 micrômetros) com aspecto terroso. As rochas hospedeiras são hornfels, que resultam do metamorfismo de contato de rochas sedimentares argilosas ricas em alumínio e carbono, principalmente em carvão, até uma distância de 2,0 km do contato com as rochas ígneas de qualquer composição e com um mínimo de temperatura entre 300 e 400°C (CUI et al., 2017; WADA et al., 1994; WINTSCH et al., 1981).
Embora o metamorfismo de contato seja o modelo clássico para esse tipo de grafita, se considera que o metamorfismo regional é mais eficiente no processo de grafitização, principalmente por ele estar submetido à pressão estática e cinética (BEYSSAC et al., 2002b; GREW, 1974).
Portanto, no caso do metamorfismo regional, as áreas com maior potencial são aquelas metamorfizadas em fácies xisto-verde, entre as zonas da clorita, biotita e granada (WINTSCH et al., 1981).
As principais características de campo desse tipo de mineralização são camadas, pavimentos e lentes (rasas) e intemperizadas em rochas carbonáceas com espessuras entre 2 e 122 metros e extensão entre 500 e 990 metros, em alguns casos podendo haver controle estrutural por dobras e falhas.
No Brasil, o depósito de Peresópolis (MT) é a única ocorrência oficial cadastrada hospedado na Faixa Paraguai (MANOEL;LEITE, 2018).
Métodos de prospecção de grafita
Os principais métodos de prospecção de grafita são aqueles considerados métodos diretos, sendo estes:
- Mapeamento geológico;
- Identificação em afloramentos;
- Aberturas de trincheiras;
- Amostragem e sondagem na mineração.
Como o mineral é um resistato, os afloramentos de grafita podem ser facilmente identificáveis mesmo em imagens de satélite, sendo o modelo geológico uma ferramenta essencial no processo de seleção de áreas para exploração.
Os métodos indiretos mais frequentemente utilizados em áreas greenfield e brownfield são aqueles que utilizam a geofísica aplicada à mineração e a prospecção geoquímica.
No aspecto petrofísico, ela é um excelente condutor elétrico, mas não é magnética, sendo encontrada comumente associada a sulfetos, como pirita e pirrotita. Os métodos eletromagnéticos aerotransportados e terrestres são bastante utilizados na prospecção, pois eles podem determinar trends regionais em escalas maiores e anomalias condutoras em escala de depósito.
Os métodos potenciais aerotransportados não costumam ser utilizados, pois falham na detecção de corpos mineralizados, mas são eficientes na delineação do contexto geológico regional e na localização de áreas potencialmente mineralizadas.
Em campanhas de exploração geoquímica regional, a grafita do tipo flake e veio podem ser identificadas em amostras de sedimento de corrente ou concentrado de bateia.
Minas de Grafita e Potencial de descoberta de jazidas no Brasil
O Brasil até 2019 contêm recursos de grafita do tipo flake nas minas de Mateus Leme e Itapecerica, no Cráton São Francisco, nas minas de Pedra Azul, Maiquinique e Salto da Divisa, na faixa móvel Araçuaí, na Província Grafita Bahia – Minas Gerais (BELÉM,2006).
Uma recente publicação de Manoel e Leite (2018) descobriu o depósito de Peresópolis (MT) de grafita amorfa hospedada em filitos de baixo grau metamórfico da Faixa Paraguai na Província Tocantins.
Com relação a grafita do tipo veio, existe o Distrito Grafítico de Aracoiaba no Ceará. Mas, segundo o informe da CPRM, a área com maior potencial ainda não provada, compreende as ocorrências de grafita hospedadas no pipe mineralizado a Cu-Au do depósito Salobo em Carajás (PA).
Potencial mineral para Grafita Amorfa no Brasil: Modelo Metalogenético não imaginado
Globalmente, a grafita amorfa ou microcristalina hospeda-se em camadas de carvão, sendo este o principal tipo de minério grafítico minerado no mundo. Do ponto de vista metalúrgico ele é considerado de baixa qualidade, cujo uso é essencial para produzir refratários siderúrgicos ou em reatores nucleares.
No Brasil, até o momento não há depósitos de grafita amorfa oriundos do metamorfismo de carvão catalogados, contudo, o estudo feito pela CPRM sugere que há uma possibilidade de encontrar esse tipo de depósito na Bacia do Paraná, pois ela tem uma situação similar aos depósitos chineses.
Como área modelo para prospecção de jazidas, sugere-se no informe as áreas dos Projetos Sapopema (CPRM 1983b) e Carvão Noroeste de Figueira (CPRM, 1979), no flanco nordeste do Arco de Ponta Grossa.
Nessas áreas foram descritos diques e soleiras de rocha básica cortando camadas de carvão intercaladas com folhelhos carbonosos e o carvão fosco da Formação Rio Bonito. No período de prospecção, foi interpretado que 12 furos eram potenciais para grafita amorfa, pela presença e proximidade de diques e soleiras, apesar do projeto prospectar carvão.
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Para acessar os resultados da primeira fase do Projeto Grafita Brasil, elaborado pela CPRM, que foi onde as informações desse texto foram extraídas, basta clicar aqui.
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